quarta-feira, 10 de outubro de 2012

regozijo

re.go.zi.jo
sm (cast regocijo) Grande gozo; vivo contentamento ou prazer.


Bom, eu sei que já devo até estar ficando chata com tanto post tão “positivo” sobre a minha vida – e aqui vai mais um –, mas isso é retrato da fase incrivelmente feliz que eu estou vivendo no momento.

Venho pensando sobre isso. Acho que esse tipo de felicidade-intensa-e-completa-com-as-simples-coisas-do-presente eu só vivi uma outra vez na minha vida. Não, eu não tenho sido uma pessoa triste, pelo contrário. Mas eu tô falando de uma felicidade especial, não por um evento ou algo específico que aconteceu, mas pela vida em geral que se tem. É a felicidade – não a simples alegria – de olhar em volta e não ver nada pra resolver, nada pra decidir ou solucionar... já está tudo resolvido, tudo perfeito, funcionando smoothly, fluindo tranquilamente... é mesmo um contentar-se de contente... Tanta definição pra tentar colocar em palavras aquilo que se sente... e que sentindo se sabe (nos dois significados de saber!), se saboreia de fato.

Na outra vez que me senti assim eu morava em Madri. Foram aqueles três meses perfeitos, em que a vida te aconchega – o namorado tinha ido embora (e com ele um certo desequilíbrio que a situação me causava), a vida tinha toda se encaixado, morava do lado da universidade, tinha boas amigas, estava em outro país, aprendendo um idioma (coisa que amo) e tantas outras coisas... Eu me lembro de à noite estar na janela do flat, sorrindo, e minha flatmate perguntar o que tinha acontecido pra eu estar tão feliz. Eu pensava: “isso é muito bom! Como eu tô feliz aqui, não mudaria nada na minha vida nesse momento”. Então concluía que pra mim isso é que é Deus... a felicidade plena... essa energia, essa vibração.

E agora me sinto assim de  novo! Como descrevi em outro post, a rotina tá gostosa. E o Caio está demais! Cada dia com ele é tão prazeroso! Que privilégio acompanhar de pertinho o desenvolvimento de  outro ser humano, desde o começo (pareço uma cientista louca falando assim?). E bebês são criaturas incríveis, né? Tô amando! On top of that, pensar que daqui a pouco estaremos no Brasil!

Olho em volta e me regozijo!

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Música, pra que te quero


Normalmente quando coloco o Caio no trocador, por exemplo, e ele reclama, é só começar a cantar que ele pára de “miar” e sorri. É tiro e queda – ele começou a reclamar, seja por que motivo for, eu canto, ele pára.

Eu costumo cantar as “nursery rhymes” que aprendi com um brinquedo que ele tem que canta várias. Essas são as preferidas dele. Mas cantar sempre as mesmas enjoa, né? Então às vezes eu canto uma Marisa Monte, Céu... E foi aí que eu percebi como a música estava faltando na minha vida. Digo, a minha música! Porque simplesmente eu não conseguia lembrar quais as músicas que eu curtia cantar, e a letra também falhava. Me toquei que quando eu dava play era só Arca de Nóe, Bossa Nova para Bebês, Saltimbancos...

Comentei tudo isso com o De, e decidimos que isso tinha que mudar. E mudou! Não que a gente não coloque mais a música do Caio. Isso continua. Mas agora toda a manhã a gente liga a nossa música pra começar bem o dia – um reggae, um Ben Harper, uma das minhas cantoras... E no decorrer do dia quando o Caio está acordado também!

Ufa! Que alívio! Parece que nossa vida ganhou ainda mais qualidade!

O próximo passo nesse sentido é ir pro Brasil e voltar a ter rodas de violão como uma constante na minha vida! Depois das pessoas, é disso que eu sinto mais falta aqui na NZ.
Amigos/primos músicos (que por sorte são vários!), preparem-se que eu quero muito ouvir vocês! 

domingo, 30 de setembro de 2012

What a wonderful world


Ter filhos reacende na gente a esperança na humanidade. E se você é desses que acredita na bondade natural do ser humano, como eu, ter filhos faz aumentar a fé. Gentileza por parte de conhecidos e desconhecidos passa a ser parte do dia a dia.

Eu e Caio vamos pra universidade às vezes a pé (uma caminhada de 25 minutos), às vezes de ônibus. É uma beleza pegar bus aqui. Nada de superlotação, espaço pro carrinho (que é o mesmo reservado pra cadeira de rodas), pra descer não é preciso levantar do banco antes de o ônibus parar no ponto... Aí pra sair do bus, por causa do carrinho eu me acostumei a ir de costas, pois apóio as rodas traseiras na calçada e aí fica fácil manipular o restante. Acontece que quase sempre alguém se oferece pra me ajudar. Fico até sem graça de dizer que não precisa, que eu já peguei a manha, etc. Quando a pessoa que salta na minha frente já vai se virando, eu já nem me coloco de costas, deixo ela me ajudar, agradeço e acho que a pessoa fica contente também!

Além disso, nunca recebi tantos sorrisos gratuitos de desconhecidos. Pode ser uma mãe empurrando seu bebê, ou uma mulher qualquer – engraçado que os homens não riem assim pra gente; são mais as mulheres mesmo –, de todas as idades!

Tem até aquelas vezes que as senhoras passam por mim, digamos no supermercado, e dizem que eu tenho um “gorgeous baby”.

Os conhecidos também ficam mais solícitos, ainda mais gentis.

Caminho por aí e inevitavelmente concordo com Louis Armstrong!

I hear babies cry...... I watch them grow 
They'll learn much more.... .than I'll never know 
And I think to myself ..... what a wonderful world! 

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Reconhecimento


Reconheço que tenho uma vida gostosa, uma vida que me aconchega...

Adoro trabalhar três dias de casa, me permitir trabalhar o tempo que quiser/der, ter tempo pra ajeitar a casa, interromper o trabalho quando meu bebê precisa de mim, tudo sem pressão...

Adoro trabalhar dois dias fora, me arrumar pra sair, ver outras pessoas, deixar o Caio na creche, onde ele desenvolve uma tamanha sociabilidade além de inúmeras outras habilidades, ser parte de um projeto de pesquisa, poder focar nisso sem interrupção por horas a fio...

Adoro ter tempo pras minhas terapias: a coletiva – dança – e a individual – cinema.

Adoro a sensação de acolhimento que meu pequeno flat me dá, a facilidade pra limpar, pra cozinhar e olhar o Caio ao mesmo tempo, a desnecessidade de ligar o aquecedor... adoro!

Adoro meu maridão parceiro pra caramba, pai admirável, carinhoso, participativo!

Adoro minha família, meus amigos!

Adoro a perspectiva de estar junto de muitos tão importantes logo, logo!

Reconheço que tenho a vida ideal pra mim.

Reconheço e agradeço.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Pensamento de ultimamente



Ter filho(s) é ter uma expectativa gostosa não apenas em relação a um momento pontual num futuro próximo, mas em relação a todo o futuro em si!

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Prometo que não dou um piu!


Esses dias aconteceu uma coisa engraçada, que nunca tinha acontecido antes.

À noite, o Caio vai pra cama umas 7h30. Isso sempre foi tranquilo – banho, mamadeira, historinha e berço. Ouvem-se uns “nhoim, nhoim, nhoim” dele tentando dormir, e então segue um silêncio, de quem caiu no sono.

Mas na segunda passada não foi assim. Chegamos normalmente até a parte do “nhoim, nhoim, nhoim”, mas em vez do silêncio, seguiu-se um choro forte, um choro cansado.

Como tínhamos tido um dia mais “difícil”, com direito a médico, garganta inflamada (a do Caio), febrinha e remédios, pensei que ele devia estar muito cansado e que não estava conseguindo dormir sozinho. Como já fiz em algumas raras vezes antes, decidi ajudá-lo – vou pegar o Caio no colo esta vez, pensei! (Em circunstâncias especiais, pegar o seu bebê no colo pra ele dormir não vai fazer ele desaprender a dormir sozinho! No dia seguinte tudo volta ao normal, como eu mesma já comprovei!) Bom, entrei no quarto, deitei ele no meu colo, sentei na poltrona, e nada... o choro não parava. Levantei, embalei... nada. Será que ele está com alguma dor? Mas ele tá todo medicado, tomou a mamadeira na boa! Segurei ele em pé e... ele parou de chorar. Acalmei ele assim e resolvi tentar colocar na caminha de novo. Abriu o berreiro! Peguei ele no colo, parou. E assim foi com algumas tentativas, minhas e do De.

Falei pro De que com dor ele não estava, se não ele não ia parar de chorar tão na boa quando a gente não está tentando fazer ele dormir... Como a janta já estava no forno, decidi trazer o Caio pra sala, colocar ele na cadeirinha de brincar, pra gente poder comer.

Gente, enquanto estava na sala, ele não chorou nem um minuto! Aliás, a verdade é que ele nem se mexia! Só os olhinhos atentos que iam do De pra mim, de mim pro De, enquanto eu terminava de preparar o rango e enquanto jantávamos. Ele não deu um piu! Parecia mesmo que tinha dito “se vocês me levarem pra sala, eu prometo que fico bem quietinho no meu canto!”

Passados uns vinte minutos, parecia que ele já estava bem. E como ele bocejava e tal, decidimos tentar o berço de novo. Foi só colocar ele lá que.... buáááá, buáááá, buááááá. Será que é fome?, pensei. Afinal, ele tinha tomado a mamadeira toda numa avidez...! Dei mais um pouco de leite, ele tomou tudo, li uma historinha de novo, pra fazer o procedimento pré-cama, coloquei no berço e... choro, choro, choro. Era só pegar ele no colo que ele parava.

O De sugeriu tentar na nossa cama, eu do ladinho dele. Coloquei ele lá. Enquanto eu botava o pijama, ele estava bem quietinho. Foi eu deitar e apagar a luz que.... sim, ele chorou de novo. Ele simplesmente não queria dormir!!

Aí o De trouxe o Caio pra sala e ficou sentadinho com ele no sofá, Caio brincando de bater numa caixa de lenço vazia, com aquele semblante de quem sabe que não deveria estar ali, mas que estava tentando não incomodar. Fiquei de cara!

Nisso já tinham passado duas horas! Até que às 9h45, quando o De tentou deitar o Caio no colo, ele aceitou, fechou os olhos, e dormiu. Colocamos ele no berço e a noite transcorreu tranquila como normalmente!

No dia seguinte, o De viajou a trabalho, pra ficar quatro dias fora. Me pergunto se os bebês têm intuição pra esse tipo de coisa, e se o que o Caio queria era passar mais tempo com o pai dele.

Ou então, o que terá sido? Ai, a maternidade e suas perguntas sem resposta...! J

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Posfácio ao último post


Aqui na NZ, o pessoal é totalmente pró-amamentação. Até aí tudo bem, eu também sou. Mas aqui às vezes há até um certo exagero, que já ficou claro pra mim em situações diversas.

No meu primeiro emprego na NZ eu trabalhava num call center que fazia pesquisas normalmente encomendadas por órgãos do governo. Eu fiquei bastante tempo responsável por uma da Plunket, instituição que há quase 100 anos cuida das crianças neozelandesas de 0 a 5 anos de idade. Quando chegava na parte sobre amamentação, ouvi de várias mães que, por não terem conseguido amamentar, se sentiam julgadas, se sentiam “menos mãe”, ficavam deprê...

Há poucos meses, veiculou na tevê a imagem de um jogador de rúgbi, o esporte nacional, dando mamadeira pra sua filhinha de meses. Nossa, que polêmica que isso causou. Instituições pró-amamentação supercriticaram o cara, daí teve várias reportagens sobre o caso! Eu fico impressionada! A galera nem sabe se não é leite materno o que tem na mamadeira, se a mãe teve dificuldades pra amamentar, se ela tentou ou não, ou que razões teve pra escolher não amamentar se foi este o caso!

E há exemplos mais próximos da gente também, como o de uma amiga que, ao constatar que estava com pouco leite, decidiu complementar com fórmula, e quando falou pra sua midwife recebeu uma cara feia (só pra constar, a produção de leite dela normalizou e hoje ela já não precisa complementar).

E aí que agora que eu estou complementando, percebi que estou totalmente “introjetada” dessa pressão que há aqui na NZ.

Duas vezes por semana eu trabalho na universidade e consegui vaga pro Caio na creche da Law School mesmo, apenas dois andares abaixo do meu! Foi perfeito porque quando chega a hora, eu desço, pego o Caio, e nós vamos prum quartinho que a uni disponibiliza pra quem queira descansar, ou então amamentar! Agora que tem a mamadeira depois do peito, eu sempre acabo me sentindo mal se alguma mulher chega na cozinha quando estou preparando a mamadeira, ou mesmo quando estou caminhando pelos corredores, da creche ao quartinho, com a mamadeira na mão! Me dá uma apreensão de ser julgada! Minha vontade é andar com uma plaquinha: “I BREASTFEED!”

E outra situação aconteceu este fim de semana. Fui no chá de bebê de uma amiga, e lá pelas tantas eu estava no quarto dando mamadeira pro Caio. Aí a sogra dela veio conversar comigo – um amor de pessoa que em nenhum momento me olhou diferente ou fez qualquer coisa que pudesse fazer eu me sentir julgada. Ainda assim, eu me senti “obrigada” a falar pra ela que eu ainda amamento, mas que estou com pouco leite e por isso tenho que complementar com fórmula!

Alguém mais já se sentiu assim aqui na NZ? E no Brasil? Há esta pressão?

sábado, 4 de agosto de 2012

(Breast)feeding ou A li/ma mentando


Na semana da amamentação, e tendo em conta o que a gente está passando no momento aqui em casa, acho pertinente escrever um post sobre a minha experiência com a amamentação do Caio. Ou deveria dizer alimentação? Porque vai além de dar de mamar.

Comecemos do começo.

Considerando as experiências de algumas amigas com a amamentação, acho até que a minha foi tranquila. Nos primeiros dois dias depois que o Caio nasceu, nós dois aprendendo essa arte, eu notava que meus mamilos estavam ficando avermelhados, e no terceiro dia, já em casa, acordei com eles bem doídos, machucadinhos. Aí falei no telefone com a Dani, que me deu uma dica preciosa: deixar os seios expostos ao ar e sempre que der ao sol também. Por sorte era um dia ensolarado e com 10 minutinhos aqui, 10 minutinhos ali, no dia seguinte eu já não sentia mais dor! A partir daí também comecei a passar as manhãs de topless em casa, assim qualquer começo de machucadinho logo cicatrizava. Minha midwife dizia que amamentar é como comprar sapatos novos: no início machucam um pouco, mas em duas semanas já estão confortáveis. Lembro que ao fim da primeira semana comentei com ela que pelo jeito eu me acostumava mais rápido com sapatos novos!

Apesar disso, eu não estava encantada com o ato de amamentar, como muitas comentavam comigo: “dar de mamar é muito bom”, “é mágico”, “que saudade de amamentar”... Pelo contrário, eu estava achando o maior trampo: meus seios viviam pingando, tinha que usar absorvente direto, ou então aquelas conchas que deixam o mamilo pegando ar, que acabavam ficando cheias de leite, eu me esquecia disso e quando me abaixava virava o leite todo na minha roupa (isso acontecia ao menos uma vez por dia), ter que ficar de sutiã 24 horas por dia... E quando o seio enche muito e fica dolorido? E várias posições pra dormir (tipo mais de bruço) em que o peito doía? Olha, eu até comentei com a mãe que seriam seis meses e pronto, que assim que o Caio começasse com sólidos eu ia começar a parar de amamentar, e quando ele completasse sete meses, já era! Cheguei a pensar, quando o Caio completou um mês, “só mais cinco”; quando ele fez dois meses, “só mais quatro”, e quando ele fez três, “metade já foi!”. Pensei assim, acreditam?

Mas aí que o tempo foi passando e eu me adaptando, e meus peitos já não ficavam mais tão cheios, nem doídos, nem pingando, e usar sutiã 24-7 (24 horas, 7 dias por semana) já não era mais um problema. E depois da marca dos três meses, na realidade meus seios até diminuíram (voltaram ao tamanho normal), e o Caio estava mamando super rápido (de 5 a 7 minutos). Se, por um lado, eu comecei a achar ótimo amamentar, e curtir o momento com meu filhinho, e entender minhas amigas, por outro lado tudo isso me deixou até preocupada: será que meu leite está secando? Fui ao google e vi que é normal depois de uns três meses as coisas se estabilizarem, e que tem muita mãe mesmo que questiona se há algo de errado com sua produção de leite. Beleza, pensei eu. Está tudo certo então. De fato, Caio continuava ganhando bom peso. Quando completou três meses certinho, tinha ganhado 500 g em três semanas (estava com 6.500 kg)!

Depois disso, no entanto, eu não estava mais conseguindo tirar leite com a bombinha. Saía muito pouquinho leite... E eu precisava tirar pras noites em que tenho aula de dança. Tentei semanas a fio e o máximo que eu conseguia de cada vez era uns 30 ou 40 ml. Que frustrante.

Um pouco antes de Caio completar quatro meses, a enfermeira dele voltou em casa e o pesou. Em quatro semanas, mais tempo que na última vez portanto, ele tinha engordado apenas 240 g... Não gostei. A enfermeira disse que a tendência era de fato diminuir, e que se eu visse no geral, em seis semanas (ela contou errado, na verdade eram sete) ele tinha engordado 740 g, e que isso é bom. Eu comentei que achava que ele tinha chegado a 7 kg (tinha sentido no braço mesmo) mas que depois o senti mais leve de novo. Como toda a família tinha passado por duas semanas de um resfriado forte, imaginei que devido a isso ele tinha perdido um pouco de peso – chegou a 7 kg e depois perdeu –, mas isso tudo era meu pensamento, sem nenhuma comprovação.

Comentei com a Karmen também que eu estava preocupada com minha produção de leite, falei da bombinha e tal. Ela me sugeriu tomar Fenugreek pra ajudar nisso. Comprei o tal herbal medicine, que não foi barato, e comecei a tomar. Não senti diferença nenhuma. Ao contrário, Caio começou a reclamar ao fim das mamadas, às vezes chorava um pouquinho, começava a demonstrar que estava com fome duas horas depois de mamar, quando a maioria de seus amiguinhos da mesma idade já estava mamando a cada quatro horas! Eu estava com uma pulga atrás da orelha, algo me dizendo que meu leite não estava sendo suficiente. O negócio foi que as reclamações do Caio não aconteciam em toda a mamada, e ele continuava dormindo bem, tanto de dia como de noite, e era risonho e suas bochechinhas continuavam ali.

Mas sabe a pulguinha que não te deixa em paz? Pensei várias vezes em chamar a nurse pra pesar ele, mas acabei não chamando, afinal fazia pouco tempo que ela tinha vindo, e ele parecia estar bem, etc., etc. Mas a hipótese de complementar com fórmula não saía da minha cabeça. A essas alturas eu já estava adorando amamentar, e me deixava triste pensar que não ia conseguir amamentar exclusivamente até os seis meses de Caio. Por isso, a decisão de complementar com fórmula demorou umas duas semanas pra acontecer. Eu ainda estava na esperança do fenugreek funcionar, de minha produção aumentar. Porém, à noite, quando meus peitos já estavam vazios, ficava claro que dar de mamar apenas não estava funcionando. Tive que encarar a decisão adiada, e quando ele estava com quatro meses e meio comecei a dar uma mamadeira de fórmula pra ele à noite depois da mamada. Nem falei com a enfermeira, nem nada. Eu sabia que era preciso fazer algo. Comecei dando pouquinho, 100 ml, pois afinal ele ainda estava mamando! Mas uma semana depois, eu estava sentindo os ossinhos do Caio ao pegar ele no colo... as costelinhas, sabe? Apesar das bochechas gordinhas ainda estarem lá. Aí não deu pra mim – chamei a Karmen.

Ela foi ótima, me deu um super apoio na complementação, antes mesmo de pesá-lo. E quando o pesamos, o resultado: Caio estava com 6,620 kg, ou seja, não só não tinha ganhado peso, como tinha perdido 120 g! Baixou duas linhas no gráfico – de acima de 50% passou a abaixo de 25%... Fiquei arrasada! Me senti culpada, não pela baixa produção de leite, mas porque demorei demais pra ouvir minha intuição! Pensar que o Caio estava há um mês passando fome!! E tão resignado que nem reclamava muito! Tadinho do meu anjinho!

A Karmen me explicou que normalmente, quando baixa duas linhas no gráfico, elas mandam pro médico. Mas que pelo que eu estava dizendo era mais falta de leite mesmo, então que fizéssemos uma semana de teste. Eu complementaria todas as mamadas, pra começar com 200 ml, e em poucos dias Caio me indicaria se precisaria de mais ou menos do que isso. De fato, logo percebi que nas primeiras mamadas do dia, com meu peito ainda cheio, bastava de 100 a 125 ml, depois à tarde 150 ml, e na da noite 200 ml.

Uma semana depois, na checagem, Caio tinha engordado 380 g!! O récorde da vida dele (até então era 360 g, numa semana do primeiro mês). Fiquei feliz e triste ao mesmo tempo, pois isso me mostrou que ele estava com fome!! Que coisa!

Eu também tinha sido alertada pela enfermeira que talvez ele perdesse o interesse em mamar no peito e passasse a querer só a mamadeira. Na verdade o que já vinha acontecendo e que deu uma piorada foi que o Caio mama uns três minutos tranquilo e depois, quando fica mais difícil de o leite vir, ele já não quer mais! Eu insisto, aí ele mama uns segundos, na sequência já reclama, insisto de novo, ele até vai de novo, e ficamos assim, nessa “briga” por mais dois ou três minutos (eu sei o tempo porque marco tudo na app do Ipod, desde o terceiro dia de vida dele!).

A piorada é que agora não está adiantando eu insistir – depois de um pouquinho ele não quer mais e ponto. E há dois dias, pela primeira vez, teve umas mamadas que ele não quis at all. Nem por um pouquinho! Já as mamadeiras, ele ama! Fica louco só de me ver preparando!

Quem se resignou desta vez fui eu...(suspiro) Há que treinar o desapego! Até porque essa “briga” sempre nas mamadas já está ficando chato, sabe? O que é pra ser especial e prazeroso está ficando estressante. Então pensei comigo mesma: as primeiras mamadas da manhã e o dreamfeed, às 10h da noite, são as que ele leva mais na boa, tranquilo. Assim, continuarei com essas por mais uns meses. Gosto de saber que ele segue recebendo os anticorpos que vêm com o leite materno. Entre outras coisas.

Mas poxa, logo agora que eu estava curtindo tanto! Que ironia, não?!

De qualquer forma, o alívio por saber que agora ele está se alimentando bem não tem preço!  Pesamos o Caio mais vezes e ele continua a ganhar peso! E as bochechinhas dele estão ainda maiores!

Bom, em meio a isso tudo ainda teve a tentativa de introduzir os sólidos! Mas isso é assunto pra outro post!

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Menino x menina


Esses dias eu estava  conversando com as gurias sobre ter menino ou menina, etc. e tal. Aí comentei, e registro aqui, que eu sempre pensei que menina é que era um prazer vestir, que a gente faz das meninas nossas bonequinhas, com suas roupinhas fofas e tal. Mas descobri que com menino também é assim! Eu curto muito escolher a roupinha do Caio, ver ele bonitão, combinadinho, vestido mais menininho ou mais neném... enfim, acho uma diversão da mesma forma como tenho certeza que com menina também é (embora menina tenha mais acessórios, eu sei!)!

Aí lembrei também de um diálogo que tive com a mãe quando ela estava aqui. Foi mais ou menos assim:

Eu: Nossa, ter menino é muito bom, né?
Mãe: Ah, é ótimo!
Eu: É, eu que sempre me imaginei com uma filha, tô curtindo muito ter um menino, essa paixão, bom demais!
Mãe: Ahhh, tens toda razão. Ter menino é mesmo essa maravilha, não sei o que é, é assim tão...
Eu, interrompendo: “Pó pará”, mãe!!! Já elogiasse o suficiente, mostrasse bem o quanto é bom ser mãe de menino! Já deu!

hahahahaha

terça-feira, 17 de julho de 2012

Sparkling


Mesmo com a maternidade ficando melhor e mais feliz a cada dia, um pensamento que eu tinha presente antes era de que isso de ter um serzinho tão importante pra ti sob tua inteira responsabilidade era uma pressão e tanto... E que a minha felicidade agora sempre dependeria da dele. A importância que o Caio tinha adquirido pra mim era overwhelming. Essa é a palavra. Eu acabava concluindo minhas reflexões com a ideia de que a maternidade é muito difícil, de que esse sentimento que vem com ela é difícil.

Mas nas últimas semanas esse feeling passou. Parece que a condição de mãe agora se assentou em mim, que encaixou uma coisa na outra. Ficou leve. E a alegria plena que hoje sinto de ter o Caio em minha vida não dá nem pra explicar em palavras!

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Nana, Nenê – resenha


Finalmente tive a chance de ler o livro “Nana, Nenê”. Como eu já tinha ouvido muito falar dele – gente que ama, gente que critica a rigidez do método –, resolvi escrever um post pra dar a minha humilde opinião! J

Em termos de conteúdo eu não achei o livro nem espetacular e nem tão rígido no seu método. Explico.

Nada espetacular se comparado ao livro da Encantadora de Bebês (da Tracy Hogg), que é muito mais rico em argumentação para cada postura defendida, bem como muito mais didático e detalhista nas sugestões de cuidados, brincadeiras, ensinamentos etc. para o bebê. Os dois livros têm sim várias filosofias em comum, como eu já suspeitava, mas a leitura da obra de Tracy Hogg é definitivamente mais prazerosa e mais esclarecedora.

E tampouco achei o método defendido pelos autores do Nana, Nenê assim tão duro! Ao contrário, eles falam até de situações em que se pode pegar o bebê no colo (no caso da hora de dormir, por exemplo). Achei que eles deixaram espaço suficiente pra flexibilidade e bom senso da mãe.

Agora o que eu realmente não gostei desse livro foi a tradução! Que mal feita! Que leitura pouco fluida por causa de estruturas frasais estranhas, artificiais, que não correspondem ao nosso jeito de falar ou escrever. Por isso, pra quem sabe inglês é sem dúvida melhor ler no original.

De qualquer forma, sempre vale a leitura. Assim, você pode fazer a sua própria resenha! J

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Sleep well!


Bom, como o último post deu azo a uma ótima conversa sobre o sono dos bebês e técnicas para ensiná-los a dormir, resolvi desenvolver mais o assunto num post só sobre isso.

Calhou de eu ter ido quinta passada numa “sleep talk” com uma especialista em sono e hábitos de dormir de bebês. Além disso, li de novo o capítulo sobre o tema do livro “Os segredos de uma encantadora de bebês”, da Tracy Hogg, que eu sinceramente acho o melhor livro sobre bebês que existe (tá bom, não li tantos assim...!)! Sigo várias dicas dela – que argumenta muito bem pra tudo o que ela sugere mas ainda mantém uma certa flexibilidade – e estou bem feliz com a rotina e hábitos que eu e Caio estabelecemos.

Até dormir, que se tornou um desafio por uma ou duas semanas, como eu comentei no último post, rapidinho ficou fácil de novo!

Eu expliquei que à noitinha colocava o Caio na cama dele acordado e ele dormia sozinho. E que nas dormidas diurnas, depois de eu acalmá-lo no colo, com as palminhas na bunda e cantando uma musiquinha, quando ia colocá-lo no berço – ele ainda acordado – ele despertava legal.

Pois eu confirmei, tanto no livro quando no talk, que acalmá-lo antes não é um problema. Ao contrário, pode até ser bom ter essa rotina pras situações em que o bebê vai dormir fora de casa, em viagens ou na casa dos avós. Afinal essa é uma “rotina portátil”! O meu erro era que eu estava demorando demais pra colocar o Caio na cama; estava fazendo isso quando ele estava quase dormindo demais, se é que vocês me entendem! Agora sou mais rápida nesse processo – apenas o aconchego rapidamente no colo e explico pra ele que é hora de dormir – , e se acho que ele já está relativamente calmo, nem o faço. Ponho ele direto na caminha, às vezes canto, às vezes não, e digo que vai ser bom pra ele dormir, que ele vai acordar se sentindo melhor, revigorado, etc., etc. Sempre mando o mesmo discurso (sugestão da encantadora de bebês). Tem funcionado muito bem! Ele reclama um pouco, mas dorme sozinho, o que tem acontecido cada vez em menos tempo!

Outra mudança que eu fiz, esta sugerida pela especialista neozelandesa e na mesma semana pela minha chefe, mãe de três filhos, foi enrolar o Caio num cueiro também antes das sonecas diurnas (na da noite eu já fazia isso. Aliás, enrolo mas sem prender os bracinhos). Como o Caio aprendeu a tirar o bico da boca com a mão, mas não sabe ainda por de volta, resolvi tentar prendendo os bracinhos, só que de leve, de forma que se ele quiser ele consiga tirar (o que de fato acontece quando ele acorda – ao chegar no berço para pegá-lo, ele já está com os bracinhos pra fora). Aqui o pessoal coloca os braços do bebê pra dentro do wrapping na boa; eu é que fico meio assim. O fato é que superfuncionou! Inclusive Caio dorme mais rápido quando os bracinhos estão pra dentro, tenho que admitir.

Eu tentei baixar o livro Nana Nenê, sugerido a mim por muita gente, mas não consegui. Pelo que eu vi, tem bastante coisa em comum entre as sugestões desse livro e as do livro da encantadora de bebês (por exemplo, a rotina “comer, brincar e dormir”, que eu sigo. Não com horários rígidos estabelecidos, mas sim a ordem dos acontecimentos). Cheguei a ler críticas contra o método de deixar chorar (que eu sou contra, e não conseguiria fazer; talvez por no máximo uns minutinhos), mas não tenho certeza se este método é sugerido pelo Nana Nenê. De qualquer forma, eu sei que minhas amigas que seguiram o método do livro voltavam ao quarto do bebê para assegurá-lo de que estava tudo bem (e dar o bico, se fosse o caso), o que eu acho fundamental.

Alguém mencionou pra mim esses dias uma pesquisa feita com bebês que eram deixados chorando até dormir (choravam, por exemplo, 40 minutos na primeira noite, depois 20 minutos, depois já nem choravam mais). Descobriu-se que mesmo quando eles já não choravam mais, os batimentos de seu coração estavam disparados, tamanho o stress e a  ansiedade que deixar chorar causa neles. [Foste tu quem me contou, Cris?]

Enfim, eu sei que as concepções do que é certo ou errado vivem mudando. Cabe a nós, mamães, nos informarmos bem e fazermos nossas escolhas, seguirmos nossos instintos. Eu tenho seguido o meu e tem dado certo!

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Milestone: três meses!


Caio completou três meses na semana passada. Aí várias pessoas me disseram: “Que bom, acabou a fase mais difícil!” E me pus a pensar... não sei se concordo com isso. Explico.

O primeiro mês sim eu acho que é mais difícil. Mas o segundo e o terceiro mês foram tranquilos! Depois que meus hormônios voltaram ao normal e que eu passei a entender a comunicação do Caio, as coisas ficaram harmoniosas, criamos juntos uma rotina! E quando eu noto já de agora as mudanças no Caio, os meses que estão por vir parecem mais desafiadores.

Por exemplo, ele se mexe muito mais pra trocar a fralda. Por sorte, por enquanto, quando eu coloco minha mão numa certa posição segurando a fraldinha justo antes de fechar, ele relaxa as pernas e facilita pra mim. Mas até quando?

Ele está muito mais ligado no que acontece ao seu redor. Está mais sensível aos barulhos e acorda mais facilmente.

Ele sabe bem quando estamos sentados ou de pé com ele no colo, e está começando a reclamar se a gente não levanta, pode?

Antes de colocá-lo pra dormir, normalmente eu gosto de acalmá-lo no colo (o que leva um ou dois minutos), sentada na poltrona e sem chacoalhar, só dando aqueles tapinhas na bundinha (ai, como soa mal em Português; patting, em inglês, soa bem melhor!) e cantando “Se essa rua fosse minha”, sempre essa música (parênteses: o De diz que quando o Caio souber falar ele vai dizer: “Pô, mãe, compra essa rua de uma vez! Ladrilha isso logo!” hehe). Aí antes de ele dormir realmente, eu o coloco no berço pra que ele se dê conta de que está indo pro berço e não se assuste quando se acordar, e se sinta seguro na sua caminha, etc. Faz uma semana que o procedimento não está tão “mumu” assim! Tem vezes que justamente na hora de ir pro berço Caio desperta legal! E aí dá-lhe carinho no rosto e muito shhh shhhh shhhhh pra ele voltar a dormir sem que eu tenha que pegá-lo no colo de novo.

Mesmo de madrugada, ele não está voltando a dormir tão imediatamente, leva às vezes 10 ou 15 minutos, às vezes meia hora, ele no bercinho do lado da minha cama, cuspindo a chupeta fora e ficando inquieto, e eu dando o bico pra ele de novo, várias vezes, esticando meu braço pra dentro da cama dele (ainda bem que meu braço comprido alcança o bico e no tato eu acho a sua boquinha! J ). O que eu tentei nas últimas noites que deu certo foi não trocar a fralda nessa mamada da madrugada. E funcionou! Aí ele não desperta tanto e volta a dormir rapidinho. Ufa!

Na vacinação dos três meses, ele se abalou muito mais do que na de seis semanas; ficou carentinho durante o resto do dia, só queria colo e atenção. Não esqueceu com facilidade a dorzinha da picada.

Enfim, com certeza eu me empolgo com o que está por vir. É muito bom ver o Caio mais ligadinho, mais ciente de tudo. Mas se essa fase é mais fácil do que a fase que passou, isso eu não sei! O que vocês acham, mamães?

domingo, 20 de maio de 2012

ANTES & DEPOIS


Faz só três meses que o Caio nasceu e, olhando para dentro de mim, vejo que já mudei tanto!


Antes
Se o computador estragasse, eu ficava louca, mal-humorada, reclamava...

Depois
Hoje nem me abalo. É só o computador com meus arquivos pessoais!

Antes
Ao começar o dia, eu planejava o que desejava fazer, e ao final do dia normalmente tinha executado todo o planejamento.

Depois
Hoje mal e mal planejo, me atenho ao essencial, e se não cumpro tudo o que pensei, tudo bem. Tem amanhã e depois pra terminar as tarefas!

Antes
Eu via bastante televisão, principalmente à noite. Acompanhava vários programas e não perdia o jornal.

Depois
Se vejo meia hora de televisão por dia é muito. Jornal então... já nem sei o que acontece ao meu redor (shame on me...!). O único programa que me dou ao luxo de acompanhar é American Idol – adoro essas competições de canto e acho que mereço esse prazer!

Antes
Quando começava uma tarefa – fazer a cama, colocar a louça na máquina, estender a roupa – eu levava até o fim.

Depois
Muitas tarefas interrompidas, e já nem me incomodo com isso!

Antes
Eu sempre sabia de certeza onde estavam as coisas – na terceira gaveta, no armário de cima, no banheiro, na cozinha...

Depois
Agora fico na dúvida de onde estão as coisas, demoro pra lembrar, ou me esqueço mesmo!

Antes
Impaciência era o meu sobrenome! Queria tudo pra ontem!

Depois
Qual o problema de esperar por aquilo que nem é tão importante assim?


sexta-feira, 4 de maio de 2012

O mistério da lâmpada


Caio agora deu pra, no meio da madrugada quando ele acorda pra mamar, ficar olhando pra lâmpada – apagada e sem graça, diga-se de passagem – e rindo, assim sozinho.

Ui, que medaaaaa! O que será que ele enxerga?! J

O De diz que ele pensa que é uma chupeta gigante! Pode até ser... que parece, parece!

Dá uma conferida!


sexta-feira, 27 de abril de 2012

Homenagem


Minha mãe acaba de ir embora, depois de três meses aqui.
Ela foi tão fundamental, assumiu tantas funções, foi uma companhia tão boa pra gente no começo da nossa aventura pelos caminhos da paternidade/maternidade, que a gratidão não cabe numa palavra, num presente, sequer num post; quiça caiba num abraço apertado (eu adoro abraços apertados e os acho imensuráveis!).

Maria Tereza nesse tempo foi:
  • mãe: cuidou de mim como só uma mãe sabe cuidar; até fruta no café da manhã ela partia pra mim!
  • avó: quantos colinhos gostosos Caio ganhou, quanto beijo, quanta palavra de carinho, quanto cuidado!
  • amiga: os cafés da tarde que compartilhamos, conversas, passeios ao centrinho do bairro e ao market de domingo, American Idol toda sexta à noite, teatro!
  • babysitter: ficava com o Caio para eu ir na aula de dança, para eu sair com o De, para eu poder tomar um banho demorado...
  • cozinheira: assumiu total a cozinha, com pratos variados, saudáveis e deliciosos. Inclusive ia no supermercado! Não faltava nem bolo pro café da tarde, nem sobremesa. E até uma comidinha congelada ela deixou pra gente!
  • lavadeira/passadeira: as toalhas aqui de casa nunca ficaram tão branquinhas como agora, as roupinhas do Caio tão macias, os lençóis e as camisas do De tão bem passados...
  • faxineira: superfaxinas (nós duas juntas) no quarto do Caio, em detalhes da casa, no quarto dela, no nosso quarto até!
  • governanta: equipou a casa – hoje temos espanador de pele de ovelha, tesoura para partir temperos, temos novos temperos, novos pirex, nova tábua de passar roupa, novos potinhos, novas bacias, etc.
  • professora: me ensinou seus truques para tirar manchas, seus truques na cozinha, seus truques de limpeza...
  • consultora para assuntos gerais: “mãe, tu achas que essa roupinha é suficiente pro Caio hoje?”, “o que tu achas desse carrinho?”; “guardo ou dou essa peça de roupa?”...

Quem conseguiria assumir tantos papéis a não ser quem é mãe?

E com o equilíbrio que lhe é peculiar, MT ainda fazia tempo para si, tanto para lazer (grupo de meditação e aulas de hidroginástica) quanto trabalho (fez algumas revisões de Português).

Mãe, tua presença nos deixa tranquilos, seguros, alegres! Este post é uma homenagem singela se comparada ao tamanho da falta que já sentimos de ti.

Se eu for metade da MÃE que tu és, já serei uma mãe feliz!

Obrigada por estar na nossa vida! Obrigada por tudo!

segunda-feira, 9 de abril de 2012

O PRAZER

Depois do impacto, o prazer.

Tudo começou com o primeiro sorriso, no meio da madrugada. Olhou pra mim depois de mamar e sorriu, assim, conscientemente. Coincidiu de o De estar acordado neste momento e presenciar tudo. Então, tenho testemunha; não é coisa da minha imaginação!

A partir daí, Caio começou a responder pra gente com seu sorrisinho encantador! Nessa primeira semana, era só pela manhã. Hoje, não importa o momento do dia!

Acho que os primeiros sorrisos acontecem justo quando o que causa o impacto começa a virar rotina, quando aquele primeiro mês de convivência já te permite conhecer melhor o teu bebê, entender seus choros, suas necessidades, o modo como ele se comunica, enfim!

E aí acontece a transformação! A maternidade vira um prazer que cresce a cada dia! Eu adoro tudo com o Caio: dar de mamar, banho, brincar, pegar ele no colo, colocar pra dormir, até trocar fralda!! Ele está tão fofo que eu só agradeço ter esse bebê 24 horas por dia comigo! E encho ele de beijo e de cheiro, de abraço e de carinho!

Nas primeiras semanas, algumas pessoas falavam ou escreviam pra mim sobre o quanto era bom ser mãe. Na época eu não sentia isso, não sabia o que responder. Hoje eu digo “sim, é bom demais!”

domingo, 25 de março de 2012

O IMPACTO


Ontem a Traysi veio aqui em casa e nós conversamos sobre o impacto que é ter o primeiro filho.

Apesar de eu achar que ainda tenho momentos em que estou sob os efeitos desse impacto, já dá pra falar – escrever – sobre isso.

As duas primeiras semanas de vida do Caio não foram fáceis pra mim. Pra começar, a reviravolta hormonal me abatia todo o fim de tarde. Me dava um “blues”, uma vontade de chorar, às vezes uma tristeza – dá pra acreditar? –, parecia que nada fazia sentido, nem o presente, nem o futuro... me dava medo do porvir, medo da minha mãe ir embora, medo de tudo enfim... tudo ao mesmo tempo agora. Essa foi sem dúvida a pior parte dessas duas semanas, pois os desafios tomavam um dimensão ainda maior do que tinham em realidade. Quando Caio completou duas semanas de vida, isso passou, thank God.

Outra coisa que eu acho que é mais difícil para as “control freaks”, como eu me considero, é o fato de repentinamente não teres mais controle sobre a tua vida. Tua rotina muda de uma hora pra outra e, como disse a Traysi, há um choque! Por mais que as amigas te falem da mudança de vida, etc., só quando passas por isso é que entendes o impacto que um filho causa. E mesmo eu, tão maternal, tão louca por criança a vida toda, tão certa desde pequena que queria ter filhos, fui bombardeada por esse acontecimento que eu conscientemente escolhi pra minha vida.

Para agravar, pra mim é extremamente desafiante não ter certeza das coisas. Tudo começa com: será que é fome?, será que é cólica?, será que ele precisa arrotar? E termina com: hummm, acho que era fome mesmo, acho que foi uma colicazinha, acho que era a fralda suja causando o desconforto, acho que ele só queria mudar de ambiente. Só no “acho”, nunca no “tenho certeza”. Esse “jogo de adivinhação” é (era) quase uma tortura pra mim (aos poucos tô tendo que me acostumar com uma vida sem certezas, ao menos enquanto Caio ainda não sabe me dizer qual é o problema).

Tudo isso, pois, foi parte do meu choque. A parte prática em si foi tranquila – não tive problema ou insegurança pra trocar fralda, vestir, dar banho ou mesmo dar de mamar (apenas um dia senti dor). Parecia que tinha feito essas coisas a minha vida toda (teria sido o “treinamento”com meu afilhado?). Mas emocionalmente fui pega de surpresa. Eis abaixo algumas coisas que se passavam pela minha cabeça nesse primeiro mês:

- quando sabia de alguém que tinha engravidado ou que tinha tido filho: “ai, coitada, vai passar por essas terríveis primeiras semanas...”

- “eu entendo quem escolhe não ter filhos, não passar por essa mudança de vida chocante”

- “admiro quem tem gêmeos – imagina o trampo que não é?”

- “admiro quem tem a coragem de ter mais de dois filhos. O máximo que eu consigo é passar por isso duas vezes”

-“todo mundo diz que ter filhos é a melhor coisa do mundo. Ainda não senti isso, só sei do trampo e do impacto que é”

Pouco a pouco (outro desafio pra quem é impaciente como eu – só no “pouco a pouco”) as coisas estão melhorando, claro. Já começo a entender meu filhinho, apesar de que desconfio das certezas. Ele já sorri pra mim, e a partir daí comecei a sentir mais prazer em toda essa nova situação. Não que eu já não amasse Caio – sinto amor por ele em mim desde a gravidez, e tudo o que eu quero sempre é que ele esteja bem! Mas o prazer e a paixão por esse bebê muito fofo têm se desenvolvido no dia a dia. Hoje penso nos filhos das minhas primas e amigas. Quando eu estava com eles e chegava a hora de dar tchau, eu sempre pensava que não tinha gastado ainda toda a minha vontade de estar com ele/a. Agora, tenho o meu bebezinho! Não preciso dar tchau pra ele! E isso já me deixa feliz!

Posfácio

Comecei a escrever este post no sábado e terminei no domingo. Nesse meio tempo, me separei do Caio pela primeira vez. Dei uma aula de dança do ventre numa despedida de solteira. Fiquei ao todo 2h25min longe de casa. Decarlos ficou com o Caio.

Quando eu caminhava do carro até o estúdio de dança, me senti diferente. Já não era mais a mesma Dulce que fez esse caminho tantas vezes. Eu já não era mais aquele “indivíduo individual”, livre, que pode fazer o que quiser quando quiser. Alguém dependente de mim me fazia menos independente – não é curioso? Agora eu sou mãe. Foi um sentimento estranho durante aquela caminhada.

Duas horas depois, eu voltava pro carro pelo mesmo caminho. A aula de dança me fez muuuuuito bem. Incrível como a maternidade faz algumas coisas perderem o sentido, outras ganharem, e outras ainda mudarem de sentido. Ter feito uma atividade totalmente minha me deu o “feeling” de que nem tudo estava perdido, de que parte da “velha Dulce” ainda ia se manter, de que eu ainda conseguiria ser eu mesma – the same old me – em algumas situações. Isso foi tão importante pra mim que cheguei a ter lágrimas nos olhos.

Ahhhh, esse turbilhão de emoções...!

quarta-feira, 14 de março de 2012

O dilema do ovo e da galinha

Caio não nasceu pequeno. Pesou, na maternidade, 3,790 kg.

Na checagem da primeira semana, quando a maioria dos bebês perde peso – podem perder até 10% – Caio, que poderia ter diminuído até 380 gr, tinha apenas 50 gramas a menos!

Passada mais uma semana, chegou a 4 kg certinho, ou seja, tinha aumentado 260 gramas, o que, segundo li, já é mais que a média (30 g por dia = 210 por semana).

Na semana seguinte, manteve o seu padrão: mais 260 gramas, num total de 4,260 kg.

E na pesagem desta semana, quando eu de fato já tinha sentido nos braços, especialmente na madrugada quando tiro Caio do moisés sem me levantar da cama, apenas com a força dos braços (aliás, falta pouco pra eu ter que me levantar), que ele continuava – ainda bem – ganhando peso, eis o resultado: 4,640 kg!! Ele engordou 380 gramas em sete dias!

Ah, faltou dizer que ele já cresceu ao menos 4,5 cm!

Não é à toa que ele mama bem. Na madrugada, mantém a média de intervalos de sono de 3 horas e meia a 4 horas entre as mamadas. Mas durante o dia este intervalo pode ser de 2 horas, chegando à noitinha às vezes a apenas 1 hora (segundo a midwife, ele está se preparando para um boa noite de sono com intervalos maiores).

Diante desse quadro, eu me pergunto: Caio está crescendo bastante porque mama muito ou mama muito porque está crescendo bastante? J

quarta-feira, 7 de março de 2012

A DANÇA DAS 7 NOITES

Noite 1 – No hospital

Antes de dormir, Caio aprendeu a sugar nos dois peitos e troquei a primeira fralda. Estávamos ambos tão cansados que a noite passou relativamente tranquila. Caio dormiu direto por 3 horas, ao meu lado, num moisés transparente. Eu me acordava a cada sobressalto dele (que hoje sei ser normal em recém-nascidos), isto é, a cada poucos minutos eu abria meus olhos e me certificava de que estava tudo bem. Nesta noite, pois, dançamos um reggae!

Noite 2

Primeira noite em casa. A pior de todas até hoje. Estávamos todos cansados. Desde o momento em que tivemos alta, esperamos mais de 4 horas pela pediatra, que tinha de fazer uma última checagem no Caio e que estava antes lidando com casos de cesariana, mais urgentes. Acabamos chegando em casa perto das 11h. Sem tempo de nós mesmos nos habituarmos à nova situação, entre mamadas teve muito choro e diversos questionamentos da nossa parte: será que é fome? será que são gases? será que tenho colostro? seria frio? calor? Quando finalmente ele dormia um pouquinho, eu não tinha coragem de apagar a luz do abajur, e acabava não relaxando. A dança da noite: punk rock.

Noite 3

Melhor que ontem, pior que amanhã. Menos choro, mas Caio estava ligadaço. Acordava facilmente – muita luz? – e só dormia de novo se o embalássemos. Ainda assim, no total dormi 4 horas, que, comparado a ontem, me deixaram feliz. A dança da noite foi house music – não foi tão pesada, mas estava tocando constantemente.

Noite 4

Compramos uma luzinha bem fraquinha, que tem um sensor (só acende quando não há claridade nenhuma). Tudo mudou! Quando Caio acordava, voltava a dormir imediatamente. Despertou para mamar apenas e teve períodos de sono de 3 horas, 3 horas e pouco. Espetacular! Assim, esta noite fomos mesmo embalados por canções de ninar!

Noite 5

Caio estava insaciável das 9 h da noite à 1h30 da madrugada. Depois, no entanto, dormiu longos períodos de no mínimo 3 horas entre as mamadas. A noite começou, então, com Carmina Burana, mas terminou com a leveza de Vivaldi!

Noite 6

Ahhh, se todas fossem iguais a você...! Ótima noite! Dormindo desde as 9h30, acordando para mamar e voltando a dormir. Posso pedir para ser sempre assim? Dormimos ao som da calma contagiante do Adágio de Albinoni!

Noite 7

De novo, Caio estava inquieto das 6h30 às 10h30 da noite. Depois, ótima noite, com os usuais longos períodos de sono. Queria poder dormir sempre assim: embalada pela suave melodia da respiração do Caio quando dorme profundamente. Não há música melhor!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

PARTO

Parto para terras ao longe, desconhecidas por mim
Parto para perto do que sou essencialmente
Parto-me em três ou quatro de mim
Parto-me em dois distintos seres
Parto...

Quarta-feira, 15/02, 2h30 da manhã. Começo a sentir leves contrações que se repetem a cada meia hora. Depois de já ter tido um falso alarme, me pergunto: será que Caio está chegando? Passo a manhã de quarta sentindo as ainda leves contrações ficarem mais próximas. À medida que a tarde se vai, elas vão ficando também mais fortes, porém ainda curtas – duram entre 30 e 40 segundos. Ligo pra midwife. Ela diz que ainda pode evoluir ou cessar – esperemos. Poucas horas mais tarde, contrações mais intensas e durando de 50 segundos a 1 minuto. Ligo pra midwife de novo; ela vem aqui em casa. São 8.30 da noite. Em princípio diz que estou na fase do pré-parto, pois as contrações do primeiro estágio do parto em si duram de 1 minuto a 1 minuto e meio. Mas aí verifica que já estou com 3 cm de dilatação – “labour established”, me diz. Pode ser que a minha maneira de fazer o trabalho de parto seja assim, com contrações mais curtas. Ela vai embora esperando telefonema meu a qualquer momento para irmos pro hospital; quando as contrações tiverem intervalo de 3 minutos.

Duas horas depois, entre respiração e “vocal toning” (do yoga) para me aliviar as contrações, preciso ir para a maternidade, que aqui é uma ala do hospital. Chegamos lá – eu acompanhada da mãe e do De – pelas 11 horas. Os 12 quartos de parto, superbem equipados como se pode ver nas fotos, todos ocupados. Muitos bebês por nascer! Esperamos uma hora e o quarto número 8 é liberado pra gente. Eu estava então com 5 cm de dilatação.

Vou direto pra banheira, onde passo as próximas duas horas. A Antonia sempre atenta a tudo, e muito atenciosa comigo. Embora a água morna me aliviasse a dor que irradiava pelas costas durante as contrações, estas vão ficando cada vez mais intensas (mas com a mesma duração), e respirar durante o processo já é um desafio. Escuto ao longe as vozes das minhas cantoras preferidas (fiz uma seleção de música especial pro parto), numa tentativa de deixar o momento mais prazeroso. A midwife faz a verificação enquanto estou na banheira mesmo e se empolga – parecia que eu já estava quase lá! Tento o gás pra aliviar a dor, mas não me dou bem com ele.

Aí a Antonia pede que eu deite na cama pra ela conferir a dilatação de novo, porque segundo ela na banheira é mais difícil ser precisa. E foi aí que a esperança de um parto rápido e fácil se esvaiu. Na realidade eu ainda estava com 6 ou 7 cm, e ela ainda podia sentir um pouquinho da cérvix no caminho, e que parecia que por alguma razão estava inchada. Ela me diz que o parto pode durar umas boas horas ainda, e que esse era o momento de conversarmos sobre analgesia.

Decido pela epidural, pois minha sensação é de que eu já estava no limite da dor. O anestesista ainda leva uma meia hora pra chegar, me avisa de todos os possíveis efeitos colaterais, mas eu digo “sim”. Quando se fala em parto normal com epidural, pra mim dá-se a impressão de que a anestesia é um procedimento simples, basta colocar uma agulha na coluna. Ledo engano. Já não se pode comer ou beber nada, então ficas recebendo fluidos através da veia da mão. Milhares de fitas grudadas nas costas, não podes te mexer durante o procedimento tenhas a contração que tiveres, e depois disso, vários aparelhos te monitorando (as contrações, os batimentos cardíacos do bebê), catéter. Ou seja: estás agora “presa” a cama. Ao menos, em uns minutos eu já não sentia as contrações e pude descansar por umas duas horas. Já eram 3h da manhã.

Na verificação das 5h, Antonia constata que a situação está praticamente a mesma: 7 cm de dilatação e a cérvix inchada no caminho. A epidural começa a perder efeito e agora então tenho um analgésico controlado por mim mesma. Um botãozinho que aperto quando sinto que preciso de mais. Não há perigo de overdose pois só me é permitido apertar o botão a cada dez minutos e no máximo quatro vezes por hora. A partir daí o efeito da analgesia já não é o mesmo: volto a sentir as contrações, embora de forma bem mais leve, mesmo apertando no botãozinho. Nas próximas horas começo a sentir também o desconforto de estar por tanto tempo na mesma posição, e a dor que irradia pelas costas a cada contração já não me deixa mais. Pra mim é pior que a dor do útero contraindo. Ficamos ali a ouvir os batimentos cardíacos do Caio, que aumentam ou diminuem a cada contração. Ao menos, sabemos que ele está bem.

Pelas 7h Antonia faz novo checking, e me entristece saber que já não dilato mais – 7 cm foi o máximo a que cheguei naturalmente. Ela fala com a equipe médica e resolvem me dar ocitocina para que eu alcance os 10 cm almejados. Antonia também me diz que vem um médico me ver pra tentar entender o que significa a cérvix inchada.

Às 8h muda a equipe médica de plantão do hospital, e o médico chefe vem falar comigo. Com uma simpatia e atenção primorosas, ele me diz que a cabeça do bebê não está bem encaixada na pélvis, além de estar “deflex” (como se fosse com o queixo levemente pra cima, quando deve ser pra baixo, próximo ao seu peito), que talvez seja esse o motivo de eu ter parado de dilatar. Ele tenta virar o bebê com a própria mão, mas não consegue. Esperemos mais pra ver se a ocitocina consegue estimular a dilatação. Ele me diz que como sou uma mulher grande, tendo dilatação vai dar pro parto ser normal, que há espaço pro bebê passar. A essas alturas, todo o meu corpo dói, e a espera de mais algumas horas me parece uma eternidade. Começo a me questionar sobre vantagens e desvantagens de cesariana x parto normal. Começo a me questionar se quero mesmo ter outro filho depois. Parece no momento que toda dor é dor demais...

Um par de horas depois, o médico volta e constata que a situação é praticamente a mesma, com a diferença de que dilatei mais 1 cm. Estava uma média de 1 cm a cada duas horas...

E quando o médico retorna às 11h da manhã, me diz que embora eu só tenha chegado a 9 cm de dilatação, a melhor opção é tentar a ventosa (acho que se fala “vácuo” aí no Brasil) pra arrumar a cabecinha dele, e, dependendo do que acontecer, fórceps. Apesar da tristeza de ouvir essa palavra – fórceps –, o Dr. Abel me passa tamanha segurança que não fico nervosa e sinto até um certo alívio por saber que o Caio logo estará comigo.

Uns minutos depois entram no quarto mais um obstetra, uma pediatra e o anestesista. Cada um que chega vem falar comigo, se apresenta, troca uma ideia com um carinho até, eu diria, na voz que é acolhedor. Esse tratamento ajuda demais. A sensação é justamente de acolhimento; não tem palavra melhor.

O anestesista me dá então uma carga boa de epidural, testa a minha sensibilidade com gelo, me deixa pronta pra não sentir absolutamente nada.

O Dr. Abel organiza a mãe à minha direita, De à minha esquerda, midwife ao lado do De pra monitorar as contrações, o outro obstetra e a pediatra também se posicionam, e aí vamos nós.

A ventosa não surte efeito. Vejo o Dr. pegando o fórceps e me invade uma tristeza... Viro pra mãe e falo: que peninha do Caio, mãe... Fui introduzida ao sofrimento de mãe nesse instante. A Antonia então me avisa dos momentos da contração, me pede três “big pushes” em cada uma, enquanto o médico vai puxando o bebê pra fora. Estranho fazer força quando não se sente pra onde a força está indo. Na segunda contração, mais três pushes, a mãe me dizendo “isso, filha, ele tá vindo”, e o Caio nasce. Eram 11:24 da manhã do dia 16/02. Colocam ele 10 segundos no meu peito (num parto mais “normal”, esse tempo seria aquele que eu quisesse), não contenho as lágrimas, escuto no pé do ouvido as da mãe, e a pediatra vem pegar o Caio pra fazer o checking, que numa situação - de novo - mais “normal” é feito pela própria midwife.

Nesse meio tempo, enquanto ouço o chorinho do Caio, Antonia me aplica mais ocitocina, agora pra placenta ser expelida. O pediatra mais novo se encarrega desta parte, “massageia” minha barriga, e logo a placenta vem – uma placenta bem saudável, disse ele.

A pediatra volta, diz que meu bebê é muito saudável e passa bem. Me parabeniza, me dá um sorriso e se despede.

Depois, recebo a notícia de que ouve um rasgo de terceiro grau que precisa ser cuidadosamente suturado. O Dr. Abel começa o trabalho. Ainda não sinto nada na região. Fico louca pra essa parte terminar pra eu poder pegar mais meu bebezinho, mas o De já está com ele e traz o Caio pro meu lado. Todo enrugadinho, a cabeça pontudinha pra cima por causa do mau posicionamento na pélvis (vai normalizar em 24 horas, já tinha me dito a médica), mas um bebê saudável e forte. Vejo o De emocionado. Ele divide comigo que se surpreendeu demais com a força que um médico grande como o Dr. Abel teve que fazer pra tirar o Caio de lá. Vejo as marquinhas do fórceps próximas às orelhinhas dele. Ai, que dor no coração pensar que ele teve que vir ao mundo desta maneira agressiva. Sim, o fórceps me parece agressivo, apesar de eu mesma não ter sentido nada...

O Dr. então termina a parte dele, diz que quer me ver na sua clínica em seis semanas, se despede, eu lhe agradeço muito pelo bom trabalho e pelo apoio e segurança, e ele passa a linha e agulha pro outro pediatra, que ainda leva um bom tempo terminando os pontos.

Uma hora depois de o Caio nascer, volto a tê-lo em meus braços. Sinto que ainda tem muita lágrima pra cair. Muita coisa nas últimas horas. Após um tempo a Antonia pesa o Caio, sugere que eu tome um banho enquanto ela e o De colocam uma roupinha nele. Levantar daquela cama depois de mais de nove horas foi aliviante, dolorido, desafiador... tudo ao mesmo tempo. E nunca pensei que tomar um banho pudesse ser tão difícil.

Umas horas mais tarde sou levada a um quarto individual, e passo esse dia e o próximo sendo superbem atendida pela Antonia e pelas midwifes de plantão, dia e noite. O fato de ter sido um parto assistido (o nome “bonitinho” pra parto com fórceps) fez todos terem comigo mais cuidado, me checando e ao Caio de tempos em tempos, me trazendo os medicamentos nas horas certas, sempre interessados em saber como estávamos nos sentindo. Passei a primeira e única noite no hospital sozinha com o Caio – não permitem que outras pessoas fiquem. Mas não foi difícil como eu pensei que seria, pois cuidado com a gente não faltou. 

De manhã a midwife de plantão me diz que eu tive a “very independent night” – pois não precisei delas pra cuidados com o Caio – e virando pro Caio: “you have a very good mother!”. Isso foi bom ouvir. Nessa manhã ainda vejo o relatório do parto e leio que o Caio nasceu com o cordão em volta do pescoço (que nem a mãe nem o De tinham me dito, pra não me abalar mais). Não estava apertado, dizia no relatório, mas estava lá. Aí eles confessaram que ver isso e o médico desenrolando o cordão imediatamente à saída do Caio foi também parte do choque. Mais um motivo pra minhas lágrimas rolarem.

Enfim, como disse o De, acabou acontecendo tudo que a gente não queria que acontecesse: epidural, pouca dilatação, ocitocina, ventosa, fórceps, cordão umbilical, rasgo. Mas a estrutura física e o tratamento e apoio prestados por parte de toda a equipe foram tão incrivelmente bons que o processo e o resultado final acabaram sendo os melhores possíveis pras circunstâncias. Quanto de dinheiro gastamos? Absolutamente nada.

No fim das contas, no dia seguinte já me sentia bem, minha sutura foi tão bem feita que não me incomoda, e acabei recebendo alta naquela noite. Volto a pensar que um parto normal, ainda que em realidade tenha sido meio “anormal”, é melhor que uma cesariana.

Deixo o hospital tranquila e agradecida por ter tido meu filho na Nova Zelândia. É essa gratidão estranha, sentida por um país. Um país que também tem seus defeitos, claro; mas que sabe investir naquilo que tem de mais precioso – sua gente. E ser tratada do começo ao fim com dignidade (sendo eu dos direitos humanos, como não mencionar isso?) não tem preço, não é sequer um direito que temos – é uma prerrogativa nossa, respeitada na Nova Zelândia. E que é crucial, definidora, fundamental.

Assim, parto feliz.






sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

39 weeks and counting…

Como estou me sentindo no momento…? Bom, minha mãe chegou quarta de manhã, então agora o Caio não precisa mais esperar pela avó, como eu tinha dito pra ele!

As duas últimas semanas foram diferentes das anteriores. Primeiro, simplesmente não tive mais cãimbras. Minha coluna anda mais sensível, mas só dói se por acaso carreguei peso ou fiz esforço físico demais, o que obviamente eu tenho evitado. Na verdade a última vez que doeu mesmo foi quando voltei de Auckland, porque tive que carregar uma mochila de alguns poucos quilos nas costas – embora leve, me detonou ali bem no meio da coluna (eu vim de Auckland sozinha de avião quando o Vítor voltou pro Brasil. O De teve que vir antes pra Wellington porque trabalhava). E esses dias à noite senti um certo desconforto nas costas porque fiz muita limpeza na casa, mas afinal minha mãe chegava no dia seguinte e eu tinha que caprichar!
Tirando isso, semana passada me deu infecção urinária de novo! Muito ruim especialmente quando se está na 38ª semana. Mas já fui medicada, já fiz o tratamento e tô bem e forte de novo.

Nas últimas duas consultas com a midwife, que agora são semanais, fiz acupuntura. Nunca tinha feito antes. Estamos trabalhando pontos que vão ajudar minha cérvix a afinar e meus músculos e ligamentos a afrouxarem quando tiverem que afrouxar. Ela disse que semana que vem a gente pode mexer nuns pontos mais específicos ainda pra estimular o parto. Dizem que quem faz acupuntura dificilmente passa da data de previsão. Vamos ver!

Eu sei que por agora os movimentos do bebê diminuem, pois já não há tanto espaço. Mas no domingo, depois de ficar horas a fio sem sentir o Caio mexer, me bateu uma nóia que eu tive que ir no hospital ver se estava tudo bem com ele. Claro que eu imaginava – e torcia – que não seria nada, mas quando pensas no que tens a perder se for algo, já não hesitas. Desta vez o tratamento no hospital deixou a desejar. Eu achei melhor ir lá na emergência (eu só queria que me colocassem pra ouvir o coração dele!), onde quem está no turno já está trabalhando, do que ligar pra midwife num domingo à tarde. Ai, gente, eu sou assim, não gosto de incomodar as pessoas ainda mais quando eu achava no fundo que não ia ser nada. Mas no hospital me disseram que eu tinha que ligar pra ela antes. Então foi o que eu fiz. Ela disse pra eu tomar algo bem gelado, me deitar e que se ele não mexesse, que eu ligasse pra ela de novo, que ela viria na minha casa. Tomei um delicioso milkshake de morango (sugestão do De que sabe que eu adoro e que estava me vendo cabisbaixa), deitei e aí ele mexeu muito, forte e nítido como sempre. Que alívio!

O quarto do Caio está pronto e, a pedidos, coloco umas fotinhos aqui pra vocês (se clicar nas fotos, dá pra ver maior). Eu digo que a nossa casa aqui na NZ é a “recycling house”, porque quase tudo o que a gente tem é de segunda mão. Pro quartinho do Caio não foi diferente: móveis usados (mas bem conservados, claro!) e a criatividade dos pais dele juntamente com presentes dos amigos pra fazer a decoração! Foi uma delícia essa parte, aliás! E às vezes me pego entrando no quarto só para ter momentos de contemplação! J

No mais, oficialmente comecei minha licença-maternidade no dia 1/2!